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Alcymar Monteiro é considerado um dos grandes intérpretes da música nordestina, mais especificamente do forró tradicional, sendo conhecido como o "Rei do Forró". O cantor e compositor nasceu no distrito de Ingazeiras, em Aurora, no Ceará, e se mudou para Juazeiro do Norte, onde passou sua infância. Estudou música no Conservatório Alberto Nepomuceno, em Fortaleza, porém foi na cidade do Recife, onde reside atualmente, que Alcymar Monteiro conseguiu se destacar no cenário musical.
Pesquisador dos ritmos nordestinos, Alcymar faz um trabalho versátil sem perder o foco na autêntica música nordestina. Em mais de três décadas de carreira já teve suas músicas gravadas por grandes nomes da MPB como Zé Ramalho e Alceu Valença. Já fez duetos com Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Elba Ramalho, Marinês, entre outros.
Assim como os seus contemporâneos Oswaldinho, Flávio José, Assisão, Jorge de Altinho e outros, Alcymar Monteiro é um artista que agregou novos elementos ao forró. As mudanças ocorreram na instrumentação, na forma musical, nos arranjos, no figurino - onde estabelece a cor branca como base, em contraponto às tonalidades do couro estabelecida por Luiz Gonzaga-, na interpretação, nos ritmos, na performance e nas temáticas das letras, buscando uma leitura mais abrangente do Nordeste, não se reportando apenas ao sertão, mas estendendo-se às manifestações culturais de diversos Estados nordestinos.
No entanto, Alcymar Monteiro não se restringe à música; ele tem sido também um corajoso ativista político no mercado nordestino. Tudo começou nos anos 1990, quando Alcymar tornara-se o que podemos chamar de porta-voz das vaquejadas que despontavam como uma das mais populares manifestações em todo o Nordeste e em outras regiões do Brasil.
Alcymar Monteiro foi um dos pioneiros que envidaram um questionamento às bandas de forró e que fizeram emergir posteriormente a bipolarização ‘forró tradicional (ou forró pé-de-serra) versus forró eletrônico’. Sua voz contra as bandas e em defesa da música tradicional nordestina costuma ser corajosamente impetrada nos palcos de muitos eventos dos quais ele participa. E a sua coragem não se esgota na luta contra as bandas de forró.
Em fins de 2015, Alcymar Monteiro publicou uma carta aberta “À comunidade artística de Pernambuco”, dirigindo-se diretamente ao Governador de Pernambuco, a quem responsabiliza pelos “descasos” com os artistas pernambucanos. Essa última carta aberta repercutiu em jornais pernambucanos, nas rádios e nas redes sociais. Alcymar tornou-se um porta-voz de muitos artistas que são subjugados pelo "descaso" dos governantes pernambucanos mas não se sentem encorajados a denunciar por receio de retaliação.
A reação contundente de Alcymar Monteiro ecoou fortemente na mídia, no mercado e na cadeia significativa da música nordestina, alcançando também as páginas de revistas de circulação nacional. Na época, vários jornalistas, intelectuais, e artistas, como Dominguinhos (reconhecido como principal seguidor de Luiz Gonzaga), passaram a questionar as bandas de forró e a instalar uma discussão no contexto forrozeiro. Mais tarde, surgiriam várias associações em defesa do forró tradicional e de espaços para essa música. Alcymar Monteiro é um artista cuja performance extrapola a transformação política provocada pela arte e alcança a transformação artística levada a cabo pela agência política.
Através deste bate papo tipo ping-pong, exclusivamente para o BACANUDO.COM, fique por dentro das preferências deste autêntico, perseverante e corajoso artista, que não cansa de lutar pelo respeito e valorização da cultura nordestina. Leia!
*Meu livro – "O Navio Negreiro", de Castro Alves.
*Meu filme – "Ghost: Do Outro Lado da Vida".
*Minha música – "Asa Branca", de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira.
*Minha cidade – Recife (PE).
*Minha cara – O Nordeste.
*Minha bebida – Um bom vinho.
*Minha comida – Galinha de capoeira.
*Minha estação do ano – O verão.
*Meu paraíso – Uma fazenda.
*Minha fraqueza – Não fazer mais do que posso pelo próximo.
*Meu pecado – Ser sincero.
*Meu vício – Ler e cantar.
*Meu medo – Da violência.
*Minha flor – A rosa.
*Meu esporte – Vaquejada.
*Meu lazer – Tomar banho na chuva.
*Minha etiqueta - Andar bem vestido.
*Meu cheiro – Perfume natural.
*Meu ídolo – Luiz Gonzaga.
*Meu sonho – Ver o bem vencer o mal triunfante.
*Minha inspiração – O amor, minha fé: Deus.
*Meu arrependimento – Não ter feito o que não fiz.
*Meu compositor – Nelson Cavaquinho.
*Meu restaurante – Comidas do Nordeste.
*Minha paisagem – As flores do campo.
*Minha indiferença – Ao ódio.
*Meu exagero – Confiar demais.
*Minha impaciência – Com a preguiça.
*Meu lugar no mundo – Onde mora a felicidade.
*Meu lugar na casa – Na mesa junto com a minha família.