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NIKA BALLÚS

Somando aventura com ação solidária
 
"No meu caso, a aventura é uma forma de desafiar os meus limites, me conhecer melhor e crescer como pessoa"
 

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Foto: Divulgação


 
Munida apenas de uma pipa e uma prancha, responde pelo nome de Nika Ballús a espanhola de apenas 31 anos de idade, que vive em Sergipe há quatro anos, que está se preparando para viver um grande desafio e uma grande aventura, através do projeto "Kite 1000", no qual irá percorrer, sozinha, 1.000 km e quatro Estados. Com essa proeza pronta para ser realizada, Nika pretende inspirar outras pessoas pelo mundo através do kitesurf e divulgar nas comunidades litorâneas o projeto sergipano "Estrelas do Mar", pilotado por Byron e Anne Silva, tendo como objetivo principal ensinar a prática de bodyboarding a crianças e adolescentes com deficiência. 
Com sangue solidário e aventureiro correndo nas veias, Nika já realizou a travessia do Andes na companhia da mãe e agora está mais que pronta para esta nova proeza. Entrevistada especial do BACANUDO.COM, conheça abaixo um pouco mais dessa europeia que chegou aqui sem pretensão alguma de escolha e atualmente, além de otalmente inserida no lifestyle dos sergipanos, ama essa terra e tem certeza que as coisas não acontecem aleatoriamente e nem por acaso. Tudo é um grande propósito de vida, onde cada um recebe, trata e vive da melhor maneira possível. E se for servindo a quem precisa, melhor ainda.
 
BACANUDO - Como você veio parar em Sergipe?
NIKA BALLÚS - Quando tinha 26 anos meu telefone tocou. Era o presidente de uma empresa francesa que queria abrir a filial em Aracaju. Larguei um trabalho confortável em Paris para aceitar o desafio de empreender no Nordeste. Eu não sabia o que me esperava. O Brasil entrou na minha vida para ficar. Quatro anos depois, tenho certeza que tomei a decisão certa.
 
BACANUDO - Como conheceu o projeto Estrelas do Mar?
NB - Desde que cheguei em Aracaju sempre que posso vou a praia, praticar esportes ou simplesmente descansar. Um dia, estava chegando na praia de cabeça cheia e vi o que me pareceu uma multidão de pessoas fardadas de amarelo fazendo exercícios. Ao chegar mais perto, vi que algumas eram cadeirantes, e a maior parte do restante eram portadoras de alguma deficiência. Ver eles entrando na água e o sorriso desenhado no rosto deles ao pegar uma onda foi revelador. Alí conheci o Byron Silva e fiquei encantada com a iniciativa.
 
BACANUDO - Por que resolveu realizar essa iniciativa de percorrer o litoral para divulgar o projeto?
NB - Desde que cheguei em Aracaju, sempre fui acolhida com os braços abertos. Hoje, a minha casa é no Brasil, em Aracaju. Conhecer o projeto foi transformador na minha vida, me envolver nele era uma forma de eu devolver ao Brasil e ao seu povo o que ele fez por mim. Mas eu sentia que precisava fazer alguma coisa mais. O projeto "Estrelas do Mar" é único no mundo e transforma vidas de pessoas 'especiais'. Hoje, ele funciona unicamente na base do voluntariado e está com sérias dificuldades para poder manter o nível de atenção e serviço devido à falta de recursos financeiros. Toda semana 100 pessoas desafiam os seus limites e enfrentam os seus medos ao entrar no mar, nas mãos dos seus acompanhadores. Que melhor forma para homenagear a sua coragem que desafiar os meus medos e tentar realizar uma travessia única enfrentando os meus próprios medos? Por outro lado, esses tipos de iniciativas transformadoras são o que nos fazem acreditar num mundo melhor, e não podemos guardar só para nós, têm que ser divulgadas e conhecidas para inspirar a criação de projetos similares em outros lugares do mundo.
 
BACANUDO - De que forma ocorrerá a divulgação?
NB - Durante todo o desafio teremos dois focos principais, a divulgação online e no local do percurso. A divulgação online será através das redes sociais, na minha página do Facebook e Instragram @nikaadventures e na do Projeto Estrelas do Mar, com vídeos live, entrevistas e fotos, assim como uma cobertura de acompanhamento por GPS pela internet. Para divulgação no local, passaremos por várias localidades litorâneas, muitas delas vivem do turismo de kitesurf. Entraremos em contato com os clubes locais e pousadas para divulgar o projeto inclusive a nível internacional, assim como procurar parceiros que possam iniciar iniciativas similares em outros locais. Ao ser um desafio único, está atraindo o interesse da mídia, que pode nos ajudar bastante a viralizar o projeto e alcançar o nosso objetivo mais rapido! O nosso objetivo é que tornar as praias acessíveis para portadores de deficiência deixe de ser uma batalha silenciosa reservada ao pessoal afetado, mas que se torne uma política pública. Assim, quanto mais a gente 'barulho' a gente consiga fazer mais chances teremos de alcançar o objetivo. 
 
BACANUDO - Como você arrecadará fundos para o projeto? Para quê servirá o dinheiro?
NB - A arrecadação de fundos será online. Optamos por arrecadar fundos na própria pagina web do projeto para evitar comissões. Quem quiser colaborar poderá fazer um depósito diretamente na conta do "Projeto Estrelas do Mar", ou com cartão de crédito mediante o Paypal. Hoje, 50% das cadeiras de rodas especiais do projeto estão impossibilitadas de uso por falta de verba para a sua manutenção. O material adaptado aos portadores de deficiência é de difícil acesso e geralmente importado. O nosso objetivo é arrecadar R$ 60.000, o que permitirá dobrar o número de participantes em Aracaju-SE e garantir a continuidade do projeto de forma sustentável: garantir a manutenção dos equipamentos atuais, adquirir novas cadeiras de rodas, pranchas de bodyboard adaptadas, materiais de segurança e protetor solar.
 
BACANUDO - Serão quantos dias de viagem? Como você está se organizando para dormir nos lugares por onde passar?
NB - O planejamento inicial é para largar no próximo dia 28 de maio, com uma média de 50km por dia, acredito que possa completar o percurso em 20 dias de travessia, ao que precisamos adicionar as variáveis imprevisíveis do tempo e do vento. Para dormir improvisarei em função dos lugares: posso dormir em barraca, em rede ou em pousadas. Já têm algumas pousadas que se sensibilizaram com o projeto e ofereceram hospedagem nos locais de passagem.
 
BACANUDO - Recentemente você foi personagem de uma reportagem sobre uma aventura que fez com sua mãe. As aventuras em sua vida são constantes, então?
NB - Eu acredito que a vida é curta e tem que ser vivida intensamente. No meu caso, a aventura é uma forma de desafiar os meus limites, me conhecer melhor e crescer como pessoa. Acredito que o importante não é o quê fazemos, senão como o fazemos, as lembranças que ficam e o impacto que geramos em nós mesmos e nos demais. A travessia dos Andes me permitiu aproveitar tempo com a minha mãe depois de quase dez anos morando longe de casa. Vivemos momentos inesquecíveis que levaremos para o resto da minha vida. Agora, com o 'KITE 1000', eu busco inspirar todos vocês a se desafiarem como os participantes do projeto se desafiam todos os dias para seguirem lutando. Mas cuidado, que a aventura vicia!