Equivocada? Equívoco é deixá-la passar sem ser percebida! foto: Divulgação
"Pretendo propagar minha música por onde der, em qualquer lugar"
Sergipana de Aracaju, há alguns bons anos Marcelle Fonseca resolveu transferir o endereço de Aracaju para São Paulo, com uma carta guardada na manga - que talvez somente ela soubesse e ainda não havia revelado publicamente -, de enveredar pela carreira artística mostrando o seu timbre e o seu talento como uma das novas promessas da música brasileira. Fez os devidos contatos imediatos, trabalhou a voz, começou a pensar no estilo e no repertório, cercou-se das pessoas devidas e começou a engatinhar no difícil emaranhado e de inúmeros concorrentes imposto naturalmente pela 'metrópole', que dá régua e compasso a qualquer artista, seja lá qual for a fase da carreira que esteja galgando.
Focada na sua determinação, a filha do icônico casal de empresários Dedé Fonseca e Ieda Guimarães (Moto Pop), lançou no ano de 2012 o primeiro disco, "One oh 1", recheado de músicas compostas em inglês por compositores nordestinos, trabalho que já começou a chamar a atenção pela sonoridade típica do psicodelismo inglês do final dos anos 1960. Batalhou, batalhou e continua batalhando por aquele lugar ao sol que todo artista sonha chegar.
Agora, em seu segundo disco, "Equivocada", Marcelle mergulhou em seu universo particular e vem enxergando o seu sonho de infância tomar cada vez mais forma e concretização.
Antes de tudo isso, a menina transitou pelo universo dos escritórios de Direito, pelos caminhos da publicidade e pela produção musical.
Produzida por Dustan Gallas, o mesmo que assina a produção do segundo disco, o trabalho mantém essa sonoridade peculiar, permitida pela parafernália vintage que cultiva, mas optou por abrir espaços para a cantora se exprimir. E como referindo-se a 'One Oh 1' Marcelle abre o disco só com violão e voz, dizendo “Sim, é o filme da nossa vida / talvez, o roteiro esbarre no inglês”(Cinema). E, em português nítido, a artista solta o coração e abre a voz em faixas que unem lisergia e minimalismo (Fantasmagórica), ora desconstruindo um samba-canção (Mais calma eu preciso de um tempo, com direito a declamação del bofe), ora erigindo um um reggae (Não vou te deixar sair com a partcipação de Anelis Assumpção, a exemplo de Trem pra ninguém). Resumindo, um trabalho que vem dela.
O BACANUDO.COM bateu um papo com a cantora e compositora que tem sangue nordestino e sergipano correndo nas veias, tentou extrair o máximo, e o que conseguimos você acompanha abaixo.
BACANUDO - Quando surgiu o interesse pela música?
MARCELLE - Não surgiu. Eu sempre fui interessada pela música. A decisão de seguir profissionalmente a carreira é que exigiu um tanto mais de reflexão.
BACANUDO - A partir de onde teve certeza que o caminho a ser seguido profissionalmente era mesmo o de cantora e compositora?
M - Em 2012, mais ou menos. Logo que saiu meio primeiro disco '0ne oh 1'.
BACANUDO - O que costumava ouvir na infância e qual a sua influência musical?
M - Na infância basicamente o que meus pais ouviam: Queen, Tina Turner, Michael Jackson e etc:.
BACANUDO - Quando decidiu ir morar em São Paulo já alimentava o interesse de tornar-se cantora?
M - Sim.
BACANUDO - Quem mais apoiou e vem incentivando esse início de carreira?
M - Meus pais, minha irmã, alguns amigos...
BACANUDO - Tem sentido alguma dificuldade em produzir um estilo musical que transita totalmente na contramão dos estilos que dominam hoje o país?
M - Sim. Ao artista independente no Brasil restam pouquíssimas alternativas, ainda mais em tempos de congelamento dos recursos para a cultura.
BACANUDO - Você encontrou alguma barreira ou espécie de preconceito por ser nordestina e sergipana?
M - Por ser mulher nordestina sim.
BACANUDO - O que muda nesse segundo trabalho "Equivocada", com relação ao primeiro que você lançou?
M - Em '0ne oh 1' interpreto canções inéditas, e em inglês, de alguns compositores nordestinos. Em 'Equivocada', as 10 músicas são em português e de autoria minha. Provavelmente, essa é a maior diferença entre um e outro trabalho.
BACANUDO - Que recado pretende dar com as letras que compõe?
M - Acho que o caminho é livre para o ouvinte interpretar ao seu bel prazer.
BACANUDO - Como tem sido a repercussão desse atual trabalho?
M - O trabalho vem ganhando corpo, forma e alma aos poucos. Estou feliz.
BACANUDO - Aonde Marcelle pretende chegar e conquistar com a sua música?
M - Pretendo propagar minha música por onde der, em qualquer lugar. Mas não dá pra dizer onde isso vai me levar e eu gosto dessa condição.
BACANUDO - Quando sua terra natal, Aracaju, terá a satisfação de conferir 'in loco' um show seu?
M - Fica essa informação aí aos possíveis contratantes: tô doida pra ir.