Apesar da proibição de comercialização no Brasil, os últimos anos têm demonstrado um notável aumento no consumo dos vapes, os cigarros eletrônicos. De acordo com um levantamento realizado pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), mais de 2 milhões de brasileiros utilizam esse dispositivo. Além disso, o Google Trends mostrou que, entre 2021 e 2023, as pesquisas por “cigarro eletrônico” aumentaram mais de 1.150% no país. Esses dados levantam questões intrigantes sobre a percepção das pessoas em relação aos riscos do produto à saúde, já que muitos optam pelo uso do vape acreditando que seja uma alternativa menos prejudicial que o cigarro comum. No entanto, a realidade é diferente.
Existem mais semelhanças que diferenças entre os cigarros comuns e os eletrônicos. Embora a indústria que produz esses dispositivos tente minimizar o efeito do vape, como se fosse algo inocente e inofensivo, especialistas afirmam que ele pode ser tão perigoso quanto o cigarro comum. Isso ocorre porque o organismo inala diversas substâncias por meio do vape, algumas das quais podem ser as mesmas encontradas no cigarro. “Os líquidos utilizados nos cigarros eletrônicos podem conter nicotina ou não e, quando contêm, apresentam diferentes concentrações que também podem causar dependência. Além disso, esses líquidos têm outras substâncias que provocam danos ao endotélio - camada de células que reveste os vasos sanguíneos e linfáticos -, podendo causar inflamação e formação de coágulos na região torácica, aumentando o risco de doenças cardiovasculares e lesões pulmonares”, alerta o pneumologista e professor do curso de Medicina da Universidade Positivo (UP), Ricardo Alves. Nos últimos meses, o caso do lutador britânico Sean Tobin viralizou. O atleta de 20 anos de idade precisou remover uma parte do pulmão que estava gravemente danificada devido ao uso do cigarro eletrônico.
Outro problema associado ao uso do vape é a dificuldade de quantificar o consumo do produto. “Quando alguém utiliza cigarros comuns, consegue contar quantos fumou em um dia, seja um, cinco ou dez. No entanto, no caso do cigarro eletrônico, essa quantificação se torna desafiadora. Além disso, devido à falta de odor incômodo, as pessoas muitas vezes acabam usando o vape por horas”, detalha Ricardo. Ele explica que essa impossibilidade de contar as unidades consumidas pode levar a um consumo desenfreado. Supreendentemente, as consequências para a saúde podem ser ainda mais graves do que as causadas pelo cigarro comum.
Além disso, o especialista explica que, da mesma forma que o cigarro tradicional, o eletrônico também pode causar problemas para os fumantes passivos. “O grande problema com o vape é que, por não produzir um cheiro desagradável, ele não incomoda tanto as pessoas, o que, por sua vez, leva muitos a fumarem mais em ambientes fechados. Isso aumenta a exposição dos fumantes passivos à inalação da fumaça”, finaliza.
(Por: Central Press)