(Crédito: Envato)
Com tantas opções de entretenimento disponíveis nos meios digitais, surge uma questão relevante: a tecnologia está roubando um tempo que poderia ser dedicado à leitura? É fato que os jovens têm grande afinidade com jogos, redes sociais e vídeos. Entretanto, os adultos também acabam perdendo tempo com as inúmeras distrações disponíveis nas telas e, por vezes, deixam de incentivar o hábito da leitura em seus filhos. Esse pode ser um dos motivos pelos quais os jovens e as crianças estão se tornando cada vez menos leitores assíduos. “A família tem um papel extremamente importante nesse despertar do interesse pela leitura. Os pais que leem para as crianças na hora de dormir, por exemplo, criam uma memória afetiva que pode estimular esse interesse posteriormente”, ressalta a gerente de projetos no Instituto Pró-Livro, Zoara Failla.
As distrações digitais são, de fato, as principais responsáveis pela queda do número de leitores no Brasil. No entanto, segundo a gerente editorial da Aprende Brasil Educação, Cristina Kerscher, essa não é a única razão. “O desinteresse pela leitura pode ser atribuído à falta de acesso aos livros, tanto em casa quanto na escola, o que muitas vezes ocorre em virtude do custo, que é um fator limitador para famílias de baixa renda”, aponta. Zoara acrescenta que existe a possibilidade de se utilizar desse poder das redes sociais para incentivar a leitura entre as crianças e adolescentes, principalmente por meio dos booktubers. “Realizamos uma pesquisa sobre o que influenciou as pessoas a iniciar a leitura do livro que estavam consumindo, e a maior parte das respostas foi a indicação de influenciadores digitais que produzem conteúdos relacionados à literatura, mostrando que as pessoas também podem usar os meios digitais para desenvolver esse interesse pela leitura”.
A escola também desempenha papel fundamental na formação de potenciais leitores. No entanto, segundo Zoara, a falta de políticas públicas relacionadas à literatura no Brasil contribui para a diminuição do número de jovens leitores. “Faltam ações que garantam esse acesso à leitura para todos, com um maior número de bibliotecas, acervos atualizados e foco na formação de professores leitores”, destaca a educadora, revelando que 60% das escolas públicas do país não têm biblioteca. Cristina enfatiza que os pais precisam engajar pelo exemplo, e as escolas devem selecionar livros apropriados a cada faixa etária com temas que efetivamente sejam de interesse dos estudantes. “É importante que sejam propostas atividades interessantes relacionadas aos títulos, como discussões em grupos, dramatizações, projetos criativos e outras atividades que relacionem o tema dos enredos a outras áreas de conhecimento”, finaliza Cristina.
(Por: Central Press)