Os brasileiros nunca foram tão infelizes, de acordo com a pesquisa Bem-Estar Trabalhista, Felicidade e Pandemia, divulgada pela FGV Social. Desde que o índice começou a ser medido, em 2006, o Brasil não registrava taxas tão baixas de satisfação. Pandemia, desemprego, inflação e outros problemas enfrentados no país têm contribuído diretamente para que a percepção das pessoas sobre suas próprias vidas, muitas vezes, não seja positiva.
Desde que o mundo é mundo, a humanidade fala sobre a felicidade. Máximas óbvias se misturam a recentes descobertas da neurociência e da psicologia a respeito desse tema tão complexo e, ao mesmo tempo, tão simples. Afinal, é possível ser mais feliz? De que forma se pode buscar um cotidiano mais equilibrado, harmonioso e, portanto, feliz?
Um outro levantamento, dessa vez realizado pela instituição britânica Royal Society For Public Health (RSPH), pode ter uma pista. Os pesquisadores ouviram cerca de 1,5 mil voluntários e revelaram que 90% deles utilizam redes sociais. Sensações de ansiedade e solidão são, segundo o estudo, frequentemente associadas a essas mídias. Para a CEO da RSPH, Shirley Cramer, o Instagram foi descrito pelos jovens entrevistados como mais viciante que cigarro e álcool. Um dos motivos para isso é o fato de que, na internet, só é possível ver aquilo que os outros compartilham - e que nem sempre corresponde à realidade. Pouco a pouco, o hábito inconsciente de se comparar a modelos inalcançáveis de alegria e perfeição corrói a autoestima e pode levar, inclusive, a quadros depressivos.
O especialista em psicologia positiva e idealizador do Congresso de Felicidade, Gustavo Arns, explica que a felicidade é uma ciência. “Esse é um campo multidisciplinar que reúne estudos da psicologia positiva, ciências das emoções e neurociência e que nos auxilia a compreender o tema. Já temos duas décadas de estudos sobre isso e, hoje, alcançamos uma perspectiva mais ampla e profunda do que é a felicidade e como podemos ser mais felizes e lidar com a ansiedade e o stress”. O Congresso já teve quatro edições e atrai pessoas de todas as regiões do país.
A (má) influência da vida virtual na vida real também é tema de debates filosóficos. Aqui mesmo, no Brasil, nomes como Mário Sérgio Cortella e Leandro Karnal estão constantemente abordando o assunto em seus livros e palestras. Segundo eles, a busca incessante por uma alegria eterna e inabalável não é apenas difícil, mas impossível. “‘Só desistir é que é para sempre’, repete o mantra daqueles que afirmam ter obtido o sucesso. A conclusão desse silogismo é: se você for bem sucedido, será feliz. Mas haverá a dor. A Felicidade virou o santo Graal, o novo Shangrilá, a Terra Prometida”, aponta o Doutor em Educação Histórica e professor de História e Filosofia no Curso Positivo, Daniel Medeiros. A “Nova Felicidade”, ele diz, é fugaz e se espreme em meio ao entretenimento fácil trazido pela tecnologia e pelo modo de vida contemporâneo.