Laércio Oliveira (foto: divulgação)
Uma das características que estão marcando o isolamento social decorrente da pandemia do Covid-19 em Sergipe, é a elevação do endividamento familiar. De acordo com pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), analisada pela assessoria executiva do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac. Os indicadores apontam uma variável alta diante do período de isolamento das pessoas e fechamento das atividades econômicas.
Nos meses de março a junho, o indicador de famílias endividadas apresentou crescimento, chegando ao pico no mês de maio e oscilando negativamente no mês de junho, mas todos os meses com indicadores acima dos 71%. Em março, 71,2% do total de famílias estavam em condição de endividamento. Em abril, 74,6%, maio teve o maior indicador, com 77,8% e junho apontou 76,4%. Nesse mesmo período o número de famílias endividadas ultrapassou a casa das 140 mil famílias, chegando ao pico de 154.711 em maio e reduzindo para 152.046 famílias em junho.
Variação por renda
A variação entre as famílias endividadas em junho, de acordo com a CNC, se divide entre 77,9% que possuem faixa de renda entre 1 e 10 salários mínimos mensais, e 60% das que possuem renda superior a 10 salários por mês. O presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac, Laércio Oliveira, comentou o resultado da pesquisa, lembrando que há uma elevação nas compras pela internet e por aplicativos, o principal fator para o crescimento do endividamento familiar sergipano.
"Temos que considerar vários fatores para entender esse crescimento no endividamento das famílias. As dívidas de financiamentos de carro, casa, compras parceladas, fazem parte do nosso cotidiano. Contudo, o período de pandemia está mantendo as pessoas em casa por muito tempo e com a ausência do comércio no varejo físico, presencial, as compras online têm dominado o mercado. Então, com as pessoas fazendo mais compras remotas, maior uso de cartões de crédito e compras parceladas por boletos ou carnês. Hoje, quase 92% dos sergipanos fizeram compras no cartão e isso é decorrente da pandemia".
Contas em atraso
O número de famílias com contas atrasadas e que não têm condição de honrar seus compromissos também elevou no mesmo ritmo que as famílias endividadas. Oscilando de 35,6% em março, 36,7% em abril, chegando ao pico de 38,3% em maio e reduzindo para 35,9% em junho. As famílias inadimplentes também aumentaram no período e recuaram em seguida. O indicador foi de 15,4% em março, 15,9% em abril, 16,5% em maio e junho aponta o menor indicativo de inadimplentes, com 14,7%. Atualmente 29.157 famílias não estão em condições de pagar suas contas.
Tipos de dívida
O principal tipo de dívida dos sergipanos permanece sendo o cartão de crédito, que chegou ao indicador de 91,9% das dívidas familiares. Compras por meio de carnês ou boletos ocupam o segundo lugar, com 13,8% e operações de crédito pessoal estão em terceiro lugar com 10,4%. O somatório aponta mais de 100%, considerando que as famílias possuem mais de um tipo de dívida.
Extinção de modalidade
O método de pagamento de compras por meio de cheques pré-datados foi extinto pelas famílias sergipanas. Com as lojas do comércio fechadas, não há como fazer compras com essa modalidade, tendo em vista a necessidade de ser utilizada em compras presenciais.