No Dia Nacional de Combate ao Fumo, comemorado na segunda-feira, 29 de agosto, a Fundação do Câncer e a Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup) lançaram a campanha Cigarro eletrônico: parece inofensivo, mas não é, destinada a toda a população, mas com foco especial nos jovens.
Mais de 3% da população acima dos 18 anos no Brasil faz uso diário ou ocasional de cigarro eletrônico, aponta pesquisa realizada pelo Datafolha. Mesmo com a comercialização proibida desde 2009 no país, o dispositivo é facilmente adquirido em tabacarias, lojas de conveniência, supermercados e sites, o que preocupa autoridades de saúde.
Ao contrário do que alguns acreditam, o cigarro eletrônico não é inofensivo. Já foi apontado, inclusive, como causa de um novo tipo de doença pulmonar, conhecida pela sigla EVALI (do inglês vaping associated lung injury), e relacionado a várias mortes. O cardiologista Paulo Negreiros, do Hospital Marcelino Champagnat, alerta que mesmo com índice menor de lesões que o cigarro comum, o vape - como é conhecido - pode causar lesões sérias no pulmão e ainda, levar ao infarto. “Por causar uma inflamação, o cigarro eletrônico pode ser um indutor de infartos e, por isso, dores torácicas devem sempre estar no radar de quem fuma”.
Perigo para jovens
“Além das questões pulmonares e cardiológicas, o dispositivo acaba abrindo uma porta para outros tipos de dependência química, principalmente para os adolescentes”, complementa a pneumologista Orjana Freitas.
Seu funcionamento consiste no aquecimento de um líquido - a uma temperatura aproximada de 300°C - que se transforma em vapor e é tragado. Geralmente, a composição contém glicol, glicerina e outras substâncias naturais e sintéticas que dão o sabor, que muitas vezes remetem à infância como o de algodão doce, chiclete, morango e chocolate. Isso, inclusive, é um dos atrativos que faz com que cada vez mais jovens façam uso do dispositivo.